
Na lareira acesa
O fogo crepita
Sobre a velha mesa
De madeira escura
Está um prato
De arroz doce
No teu andar lento
Ligeiramente manco
Chegas à janela
E levantas a cortina
Lá fora, a neve cai
É Natal.
Estás só.
Lembras-te de como embalavas
Os teus filhos
Quando eram pequenos
E sorris com saudade…
Como eles pulavam
Para os teus joelhos
Na velha cadeira de baloiço!
Relanceias o olhar pela sala…
Que foi feito dela?
Estava sempre ali
Junto à lareira…
Uma lágrima teimosa
Desliza na tua face pálida
Hoje, onde estão eles?
Estão longe… Estão bem…
E tu, meu velho?
Tu que tanto amaste…
Tu que tanto lutaste…
Tu que tanto choraste…
Estás bem, tu?
De novo, olhas a rua
Através do vidro
Passa um carro
É o José.
“ Adeus José, Feliz Natal… “
Saúdas em voz baixa…
Estás cansado.
Penteias com os dedos
O teu cabelo branco
O arroz doce arrefeceu…
Sentas-te no velho banco
De madeira pintada
E começas a comer.
E choras.
Estás só…
És só…
E só ficarás…
Manuela Fonseca
1 comentário:
Sempre achei que este é um dos teus melhores poemas por ser tão real e se adaptar a todos nós. Faz-me chorar...
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