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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Tens o dom do Mal


Tens o dom do Mal
Espalhado nas ruas desertas
Ensanguentadas
De risos nocivos
E mulheres prenhas de lágrimas
Debruçadas sobre o efeito
Do teu cinismo vomitado
Na fronteira de um mundo
De secura silenciosa
Onde a paz
Só tem bilhete de ida
Em pequenos corpos
Ainda mornos…

Onde o teu fogo
Já é só artifício!

Manuela Fonseca

Encruzilhadas - desafio


Fui desafiada pelo Nilson Barcelli para me ligar a esta ENCRUZILHADA: Compôr um post em prosa/conto ou poesia com o título dos últimos 10 posts, usando outras palavras, pelo meio, para dar sentido ao todo.

Gostei deste desafio e escolhi 3 blogs de amigos, onde me parece que possa ficar bem este tipo de desafio...

DESAFIADOS: Mário Margaride - Mel - Conceição Bernardino



CABELO SOLTO...DESALINHADO...

Do alto da falésia
Naquele ponto iluminado da noite
Onde os olhares se dividiam
Encostei-me ao muro da alma
Cabelo solto...desalinhado
Espalhado no peito
Do Senhor dos Mares
Corpo nu na escuridão
Daquele momento lânguido de prazer

E foi naquela ausência de pudor
Indecente de mim
Que me sentei no parapeito da janela
Esperando outra carícia e mais outra
Gemendo baixinho:
- Não me mates só por matar


E enroscada nos teus braços
Enrolada nos teus beijos
... Como é estranha esta paz ...

Manuela Fonseca

sábado, 24 de novembro de 2007

Onde os olhares se dividiam


Onde os olhares se dividiam
As vontades aniquilavam
Transparências azuis
E cores inteiras
Intensas
Suaves…
Invadiram-me o desejo
De ser tela em paisagem
Cor de verde
Adivinhada em terra esquecida
Escorregada nas encostas
De corações desatentos
Inertes
Prepotentes
Desmanchando todas as teorias
Num só golpe
De coisas prometidas
Não cumpridas
Desmentidas!

Manuela Fonseca

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Indecente de mim


Ressurgi do lado indecente
Na esquina dos pensamentos
Sorri de espanto
Debrucei-me no corpo dividido
E virei as sombras do avesso

Encostei a cara lavada
Ao joelho indeciso
E segui com o olhar
As mãos penetrantes
Inquietas
Em altas horas da noite
Abrindo portas de quartos perfumados
E os passos oscilavam
Em pontas de janelas
Inundadas de luar
Onde indecente de mim
Me fui enroscar…

Manuela Fonseca

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Corpo nu na escuridão


Corpo nu na escuridão indirecta
Corpo leve despido de vaidade
Impermeável
Mão lenta
Rosto entreaberto
Como se oferecesse sorrisos
Mente atenta ao destino

Corpo desfeito
Corpo em recusa
Onde nada te ofende…

Corpo que se nega
Na angústia de um pedido
Corpo que as lágrimas atravessam
Resvalando suavemente
Coincidência que as mãos segredam
Corpo cansado e transparente
Que as horas da noite em si temem
Longos espasmos de frio
Correm pelas esquinas da pele
Que os dedos sentem
Em silêncio
Numa solidão de pedra

Corpo perdido
Em amargos gestos
Que em si sepultam
Ondas de calor
Onde este corpo se lamenta

Manuela Fonseca

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Como é estranha esta paz


Como é estranha esta paz
Esta liberdade de ser de mim
As coisas dão-me passagem
Abrem caminhos de vazio
E eu deambulo neles
Adivinhando este fim

Como é estranha esta distância
Sem abraços cheios
Nem beijos de alegria
Nas palavras de riso

Como é estranho reviver...

Manuela Fonseca

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Senhor dos mares


Senhor dos mares
Aquele príncipe que chamavam
Das marés
Corria veloz
A pura rebentação das ondas
Abocanhava a espuma branca
E perfumava-se nas areias amantes
De mãos cheias de barcos
Que vinham do outro lado do mundo

Senhor dos mares
Sete sonhos de pronunciar
Rebeldes e perdidos
Nas sombrias redes do seu olhar
Confusas redes que deslizavam
Em ventos de vidro embaciado
Onde os barcos
Eram a cidade do seu pecado
Que o baloiçava como um cão
Em corredores de águas geladas
Escuridão que o alucinava

Manuela Fonseca

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Não me mates só por matar


Não me mates só por matar
Mata-me a fome
E arrecada o pão
Que não te atormenta
Para me matares amanhã
De novo

Mata-me de olhares de amor
Não com o brilho da piedade
Não me mates de pena
Mata-me em gestos de carinho
Com afagos sem balas perdidas
Nem certeiras!

Mata-me a sede
Com o copo que te enfeita as manhãs
De todos os dias
Não me mates a vergonha
De ser filho do outro lado da vida
Mata-me o silêncio
Que me escorre nas faces
Em dias de chuva
Onde purifico o corpo

Os mesmos dias em que não purificas a alma
Por não lhe conheceres a esquina do seu grito…

Não me mates só por matar

Mata-me o princípio de ti
Que termina no resto de mim…

Depois
Se te quiseres matar
Mata-te!

Mas deixa-me ficar
Continuar neste meu sóbrio desejo
De lutar!

Manuela Fonseca

Lara Li - Telepatia

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

E foi naquela ausência


E foi naquela ausência
De presença
Lareira em forma de Castor
Que te bebi o silêncio
Do mundo inteiro
Conheci cada traço
De todos os teus gestos
E as palavras procuravam-se
Sofregamente
No abraço apertado
Em que deixei de estar viva
Para renascer
- Repentinamente!
Em busca do teu olhar
Arredondado
Igual ao meu
Num rosto tão secreto
- Pecador
- Amador
Pelo sorriso atrasado

E na tua ausência
Estava a minha presença!

Manuela Fonseca

Me and Mrs Jones

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sentei-me no parapeito da janela


Sentei-me no parapeito da janela
Com a claridade a dar-me na alma
Sem desvendar olhares
Nem contar os gestos que paravam
Para me falarem coisas
De outras esquinas
Onde os braços se tinham cravado
Um dia…

A ponta dos dedos adormecia
Na voz quente que os embalava
Os traços não definiam
O perfil das histórias consoladas
Nem o vento passava
Onde os braços cansados
Repetiam calados
As mesmas histórias
Livres e ordenadas
Que
Um dia…

Foram contadas.

Manuela Fonseca

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Olhares que trouxe comigo...






Olá meus amigos e poetas destes meus ensaios!


Estive fora uma semaninha, revendo a linda cidade de Seia e Covilhã.Comprando aqueles queijos e requeijões que só a Serra da Estrela me sabe, tão bem, apaladar. Também a visitei, subindo-a já com saudades na descida... Foram dias de descanso que tanta falta faziam à minha alma, no seu recanto mais "infantil"...

Já na despedida, ou quase, estive 3 dias na Atalaia, um lugar que nunca dispenso pela sua beleza, silêncio, céu estrelado, estupidamente belo de estrelas, onde posso vislumbrar a Via Láctea que me põe a sonhar com algo melhor...

Àparte isto, um magusto bem feito e delicioso.

Como é bom vestir a alma de campo e do seu silêncio, deixando que a Serra me espie e me acaricie com as suas soberbas ondulações.

O Outono tem encontros de luz e cores que se enquadram no lado mais ímpar do meu coração.

Às vezes, sou tão feliz! Porque a felicidade é isso mesmo..."às vezes".

Deixo-vos aqui alguns olhares que trouxe comigo.

Beijinhos grandes para todos***

Manuela Fonseca