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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Fábio & Leandro


De um dos meus rios
Desaguaram dois afluentes
Um apressado
Outro aquietado
Correm entre chuvas de amor
Às margens de beijos e abraços
Entre escolas e deveres
Homem – Aranha 3, Fifa 2007
Que em dias se repete
Em FF’s e 4 Taste…

As cócegas nos pés
Inventam momentos de risos
Às golfadas
Os xi – corações são apertados
Os beijos abençoados
Dos meus netos adorados!

Manuela Fonseca

Homem do Leme

Mas que disparate!


Vou-me sentar, preciso de escrever
Mas primeiro vou apagar as luzes
Do meu entardecer

Agora sim!
Descanso os bolsos das pernas
E volto a mim

A Rosa disse-me que ninguém
A reconheceu naquela festa
Porque tinha pintado o cabelo...

Olha que disparate!
Francamente!

As pessoas já não se reconhecem
Pelos olhares cruzados
Precisam de esferas sociais
Onde são todos iguais
Chacais!
Fazem do sorriso
Um lugar idiota
Poliglota
Tipo agiota.

E as mãos são frias por defeito
Tal como o coração imperfeito

Fazem charros
Em bebedeira encarnada
Matam o tempo
Em horas que sugam o nada
Da voz que fica entalada

A acidez de coisas destas
Enoja-me!
Enfastia-me!
E eu não perco o bocejar
De tanto me enjoar

Vou à cozinha
E vou-me deitar...

Manuela Fonseca

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O teu último beijo...


No dia
Da tua visita
Entrei num quarto
Com cheiro a éter

Sorri
Engolindo as lágrimas
Que me deixaste
Ao partir…

No meu rosto
Ficou o teu último beijo
E nas minhas mãos
O vazio
Das histórias
Que inventámos
Juntas

E voltei a sorrir
Engolindo as lágrimas
Que me deixaste
Ao partir…

Manuela Fonseca

sábado, 25 de agosto de 2007

Tu levaste a minha vida

Tua neta


Era Dezembro.
Mês do Natal, do frio e da neve
Foi há 82 anos
Eras então pequenina…
A pobreza, o suor e o cansaço
Reinavam no teu lar
Mas o Amor não estava ausente
Lembras-te?

Cresceste entre silvas e rosas
Brincaste com bonecas de trapo
E brinquedos de papel
Enfeitavas as tuas unhas
Com pétalas vermelhas
De brincos de princesa

No decorrer ímpar do Tempo
Estava em ti a beleza do ser jovem
Aliada à Esperança, à Ilusão
À Promessa que é o Amor
Entre tristezas, alegrias e cantares
Amaste, casaste
E acalentaste no teu ventre
Os frutos do teu Amor…

Ao longo dos Anos
Ganhaste a experiência de Vida
Da qual só os antigos sabem falar
E dos teus filhos
Viste nascer outros que trazem no rosto
A tua semelhança
E no corpo, o teu sangue

Ela não tinha a tua semelhança
Nem o teu sangue lhe corria nas veias

Mas era a tua Neta!

Manuela Fonseca

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Nunca me olharás de outro modo


Nunca me olharás de outro modo
Ao caminhares nas minhas palavras
Nunca te poderei sentir
Real e em mim aninhado...

Sempre foste perdido
No momento em que não te achei
Na plenitude da tua presença

Serás sempre o mesmo sonho
E a mesma ausência
Nessa tua única aparência...

Manuela Fonseca

No fundo de mim há sempre pavores


No fundo de mim há sempre pavores
Onde o sorriso é tímido
E o olhar são dores

Este mundo silencioso
Que não brota
Nem descansa
Ao meu passar
Mas que estremece de pavor
Quando no meu canto
Me vejo a chorar

E por mais bela que seja a minha palavra
Um dia, a ternura há-de poisar...

Manuela Fonseca

Não perdi coisa nenhuma de mim


Da janela de madeira pintada
A cortina de branco ficava
No varão de madeira escura
Era a cortina de verde
Pendurada em silêncios submissos
Da cadeira a um canto
Vestida de linho sentada

Não perdi coisa nenhuma de mim
Neste pôr-do-sol vagaroso
As vozes continuavam diferentes
Quando eu a cortina desviava
Num gesto suspenso de mim
De cadeira ali sentada...

Manuela Fonseca

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Aqui, um dia foram cravos!


Uma voz disse:
" - Aqui, um dia foram cravos! "

E as horas inquietaram-se
Apressaram-se de outras horas
Como se os anos andassem de demoras
E os cravos ainda restassem
Em cada esquina
De todas as horas...

Manuela Fonseca

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Recados de mim


Estou sem vontade de escrever
Mas há um rumor fora da minha janela
De pessoas que passam
E que lhes oiço o passar
Apressado ou adiantado
Ou talvez demorado...
Reparo que dentro de mim
Há aquela constante do ver
Do ouvir, sem permitir
Do vento que me assobia em noites
Que me descanso.
Nada é ao acaso
Nem quando eu digo
Que não me apetece escrever
Porque há sempre uma caneta a desafiar-me
Ou uma tecla a incendiar o pulsar
De meia dúzia de palavras.
Sinto recados em mim
Em cada dia que amanhece
Recados de poesia em forma lenta
Ou sonhos em prosa que mais tarde revejo
Talvez ao jantar
Enquanto mastigo uma sandes
De qualquer coisa...
Os meus recados açoitam-me
Desde outros tempos
Talvez de tempos sem memória ousada
Mas que na memória
Encontram a sua morada perpétua.
De que me lembro?
Ah, pobre coração!
Tão cheio de recordações
De vozes infantis, pedidos insistentes
Nestes meus recados
Que trago abraçados
Em todo o meu ser
Como um estado de alma
Que se apegou a mim
Consentido num sim
Para um dia comigo levar.
Hoje, estou assim...
Cheia de mim!

Manuela Fonseca

Naquela tarde


Naquela tarde
Retalharam-me a dignidade
Na crueldade de uma simples palavra

Desci a escada vermelha
Em soluços apertados
E calei em lágrimas
A longa viagem
Com os ombros sentados

Manuela Fonseca

domingo, 19 de agosto de 2007

Dei-te todos os ensaios


Dei-te todos os ensaios
Todos os cenários
Criei em textos
Um palco de memórias
Feitas em golpes humanos
Onde as deixas se sucediam
Em lugares vazios
De cadeiras voltadas

Foi um palco de enganos
Onde me vi acreditada…

Manuela Fonseca

Eram casas


Eram casas
Em terços rezados
Por entre as ruas
De pedras incertas
Eram fontes
Em águas esperadas
Paradas em anos
Feitos de esperas
Eram janelas
Abertas e fechadas
Num esvoaçar de ventos
Quentes e antigos
Nas memórias
De olhares mais recentes
Em mim detidos

Manuela Fonseca

Siempre - IL Divo

My Way - Il Divo

Sonho palavras


Sonho palavras inventadas
E invento que as vesti
Adormeço sem almofadas
Nas carências de mim

Choro o que sentes
Quando não reparas em ti
Bordejo-me de saudades
Retalhadas de mim

A noite foi longa
E eu não adormeci…

Manuela Fonseca

sábado, 18 de agosto de 2007

Num patamar de saudade


Num patamar de saudade
Fiquei a olhar para mim

Voavam-me pássaros
E poisavam-me jardins
Nos séculos dos anos
Que nunca descobri

Sentei-me num degrau de vagar
A pensar coisas de mim
Soltei os cabelos de voos intactos
E debrucei as flores de jasmim
Nas horas dos segundos rápidos
Dos dias em que me teci

Manuela Fonseca

Se a Terra fosse azul


Se a Terra fosse azul
E o mar da sua cor
Eu saberia decor
Sem medo
E sem pudor
O que as mãos
Me tinham dado
No ímpeto
Do seu odor

Mas sinto
Que nada restou
Das cores
Que inventei
E na Terra mergulhei
Aquele velho sentimento
De que nunca te falei

Ah, se a Terra fosse azul!

Manuela Fonseca

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Carlos Zapata

Alborada

Um momento de paz...

Colei a boca


Colei a boca ao céu
Num instinto de mim
E pairei sobre o mar
Qual gaivota de nada
Pela noite
Já longa e escura
A Lua retratava-me
Em brilhos lisos
Numa lembrança antiga
Ali poisada
Ao encanto dos silêncios
Cegamente cortados

Que a Lua sombreava...

Pedro Khima - Esfera

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Encosta-te a mim...

O nosso olhar...


O nosso olhar
Abriu corações fechados
À vida

O teu olhar
Perfumou caminhos latentes
Partidos e incertos

O meu olhar
Adivinhou paisagens verdes
De cidades distantes

E no teu olhar
O meu olhar se fixou…

O nosso olhar
Arredondou
E arrecadou
As emoções da noite
Debruçadas
Sobre todas as coisas do Mundo.

Manuela Fonseca

Se tu me amasses


Se tu me amasses
Em todos os tempos
Dos dias que conto
E me escondesses
O ar gelado
Que sopra do teu coração
Nos teus olhos eu me vestiria
De mulher amada
Encantada
E decidida
Por entre esta caminhada…

Manuela Fonseca

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Jardins Proibidos

Deixa-me estar


Deixa-me estar
Entrelaçada
No teu entardecer
Dispo o olhar
De lágrimas
E enfeito o rosto
De sorrisos teus
E tu vens-me ver
Dançada e alegrada
Arrancada do teu ser…

Manuela Fonseca

Solitária


Solitária que nunca mente
Rasguei toda a verdade
Sorrindo serena
Sem mentira
E sem medo
No entardecer
Do meu segredo

O meu coração
Bate no teu pulso
No seu lado mais suave
E conversa na tua noite
Rompendo as razões
Do teu amanhecer…

Manuela Fonseca

Estranha paz


Estranha paz
Suada
Em noites de estrelas
Sem Lua
Esta paz que nunca recua
Sempre que te vejo
Do outro lado da rua

Uma rua tão distante
Que nem o nome decorei
Ou talvez…
Não sei…

Silenciosa paz
Estranha atitude
Nesta minha quietude
Em que a solidão se apraz
E nada me traz

Sonho-me em ti
No teu canto de poeta
E em todas as pedras que colhi
Tu foste a mais certa!

Manuela Fonseca

domingo, 5 de agosto de 2007

Paixão de Cristo

Souad - Queimada Viva


"A nossa narradora já é uma mulher de meia-idade quando escreve o livro e foram precisos anos para ter direito a um pouco de felicidade. Vive incógnita e com outro nome, sempre com medo que algum membro da família venha cobrar a dívida que ficou por saldar. Ficaram também as inúmeras cicatrizes físicas e psicológicas, impossíveis de sarar."

Um livro que li em dois dias, que me tirou quatro noites de sono e que continua bem presente na minha memória. Eu diria, para sempre! A história verídica de uma jovem, que viveu todos os pesadelos que possamos imaginar, que sofreu no corpo e na alma o que não podemos saber! Apenas chorar com ela, sentir com ela e louvar a sua coragem e capacidade de sofrimento.

Manuela Fonseca

Pelas Crianças!

OS DIREITOS DA CRIANÇA


A criança é um mundo
Precioso
Raro.
Que ninguém a roube,
A negoceie,
A explore
Sob qualquer pretexto.
Que ninguém se aproveite
Do trabalho da criança
Para seu próprio proveito.
São livres e frágeis as suas mãos,
Hoje:
Se as não magoarmos
Elas poderão continuar
Livres
E ser a força do Mundo
Mesmo que frágeis continuem…

Os Direitos da Criança
Poema de Matilde Rosa Araújo