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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Nostalgia de amor


Ontem foram sonhos...

A nostalgia vincou o sorriso
Preso na outra sala
Olhares memorizados
Em anos de muitos dias
Tantos dias
Que já nem os conto

Nostalgia de amor...

Fui ficando por destino
Ou por aquilo a que chamam
De vontade
Não sei...

Na mesa ficou a mão
Presa de outro gesto antigo
Naquela solidão
Que nunca parte
Nunca se aninha
Nem nunca se importa
De importar...

Fui amornando o amanhã das coisas
Na coberta que destapa a alma
E tentei um sorriso
Que se escapou em lágrima
Fechando o olhar apagado

Em doce nostalgia de amor...

Manuela Fonseca

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Esse olhar que mentia


Esse olhar que mentia
Empoleirado
No vazio sossegado
Gasto pela prepotência
Espiral da sua casca
Reconhecida
No escuro lado da lua
Escombros
Da tua alma

Insuficientes passos
Sem memória
Adormecida
Nem solidão
Disfarçada
De pressa

E nesse olhar que mentia
Nem é pressa ser a luz do dia…

Manuela Fonseca

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Palácio dos meus néctares


Palácio dos meus néctares
Imperfumados
Onde o relógio parou
Entrei em estranhos aposentos
De lençóis enrugados
Janelas escancaradas
Batendo as horas do vento
Espanto do meu olhar
Dobrado
Perpetuado
Em imortais corredores de pedra
Chancelados de duras portas
Vazias no rodar

Em meio ao salão
Perplexo de intimidades
Só os olhos
Verde-esmeralda
Olhavam
De fora para dentro
Tantas portas rangentes
Imortalizadas

Manuela Fonseca

sábado, 1 de dezembro de 2007

Sempre o sorriso...


Sempre o sorriso…
Jovem como um retrato recente
Que se afogou no olhar
De lembranças altivas
Caminhadas da mente
Descendentes de mentiras
Caladas
- A apunhalar…
-Sempre a apunhalar…
Presente que se tornou passado

Deixo que o vazio da lágrima
Tome conta de mim
Numa paciência que me vai faltando
Insultando
Escutando
O que nego de mim
Fora das grades
Escuras
E curvas
Olhos parados de olhar

Suficientemente deprimida
Nas rugas da disciplina
Que as lágrimas marcaram…

Manuela Fonseca

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Tens o dom do Mal


Tens o dom do Mal
Espalhado nas ruas desertas
Ensanguentadas
De risos nocivos
E mulheres prenhas de lágrimas
Debruçadas sobre o efeito
Do teu cinismo vomitado
Na fronteira de um mundo
De secura silenciosa
Onde a paz
Só tem bilhete de ida
Em pequenos corpos
Ainda mornos…

Onde o teu fogo
Já é só artifício!

Manuela Fonseca

Encruzilhadas - desafio


Fui desafiada pelo Nilson Barcelli para me ligar a esta ENCRUZILHADA: Compôr um post em prosa/conto ou poesia com o título dos últimos 10 posts, usando outras palavras, pelo meio, para dar sentido ao todo.

Gostei deste desafio e escolhi 3 blogs de amigos, onde me parece que possa ficar bem este tipo de desafio...

DESAFIADOS: Mário Margaride - Mel - Conceição Bernardino



CABELO SOLTO...DESALINHADO...

Do alto da falésia
Naquele ponto iluminado da noite
Onde os olhares se dividiam
Encostei-me ao muro da alma
Cabelo solto...desalinhado
Espalhado no peito
Do Senhor dos Mares
Corpo nu na escuridão
Daquele momento lânguido de prazer

E foi naquela ausência de pudor
Indecente de mim
Que me sentei no parapeito da janela
Esperando outra carícia e mais outra
Gemendo baixinho:
- Não me mates só por matar


E enroscada nos teus braços
Enrolada nos teus beijos
... Como é estranha esta paz ...

Manuela Fonseca

sábado, 24 de novembro de 2007

Onde os olhares se dividiam


Onde os olhares se dividiam
As vontades aniquilavam
Transparências azuis
E cores inteiras
Intensas
Suaves…
Invadiram-me o desejo
De ser tela em paisagem
Cor de verde
Adivinhada em terra esquecida
Escorregada nas encostas
De corações desatentos
Inertes
Prepotentes
Desmanchando todas as teorias
Num só golpe
De coisas prometidas
Não cumpridas
Desmentidas!

Manuela Fonseca

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Indecente de mim


Ressurgi do lado indecente
Na esquina dos pensamentos
Sorri de espanto
Debrucei-me no corpo dividido
E virei as sombras do avesso

Encostei a cara lavada
Ao joelho indeciso
E segui com o olhar
As mãos penetrantes
Inquietas
Em altas horas da noite
Abrindo portas de quartos perfumados
E os passos oscilavam
Em pontas de janelas
Inundadas de luar
Onde indecente de mim
Me fui enroscar…

Manuela Fonseca

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Corpo nu na escuridão


Corpo nu na escuridão indirecta
Corpo leve despido de vaidade
Impermeável
Mão lenta
Rosto entreaberto
Como se oferecesse sorrisos
Mente atenta ao destino

Corpo desfeito
Corpo em recusa
Onde nada te ofende…

Corpo que se nega
Na angústia de um pedido
Corpo que as lágrimas atravessam
Resvalando suavemente
Coincidência que as mãos segredam
Corpo cansado e transparente
Que as horas da noite em si temem
Longos espasmos de frio
Correm pelas esquinas da pele
Que os dedos sentem
Em silêncio
Numa solidão de pedra

Corpo perdido
Em amargos gestos
Que em si sepultam
Ondas de calor
Onde este corpo se lamenta

Manuela Fonseca

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Como é estranha esta paz


Como é estranha esta paz
Esta liberdade de ser de mim
As coisas dão-me passagem
Abrem caminhos de vazio
E eu deambulo neles
Adivinhando este fim

Como é estranha esta distância
Sem abraços cheios
Nem beijos de alegria
Nas palavras de riso

Como é estranho reviver...

Manuela Fonseca

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Senhor dos mares


Senhor dos mares
Aquele príncipe que chamavam
Das marés
Corria veloz
A pura rebentação das ondas
Abocanhava a espuma branca
E perfumava-se nas areias amantes
De mãos cheias de barcos
Que vinham do outro lado do mundo

Senhor dos mares
Sete sonhos de pronunciar
Rebeldes e perdidos
Nas sombrias redes do seu olhar
Confusas redes que deslizavam
Em ventos de vidro embaciado
Onde os barcos
Eram a cidade do seu pecado
Que o baloiçava como um cão
Em corredores de águas geladas
Escuridão que o alucinava

Manuela Fonseca

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Não me mates só por matar


Não me mates só por matar
Mata-me a fome
E arrecada o pão
Que não te atormenta
Para me matares amanhã
De novo

Mata-me de olhares de amor
Não com o brilho da piedade
Não me mates de pena
Mata-me em gestos de carinho
Com afagos sem balas perdidas
Nem certeiras!

Mata-me a sede
Com o copo que te enfeita as manhãs
De todos os dias
Não me mates a vergonha
De ser filho do outro lado da vida
Mata-me o silêncio
Que me escorre nas faces
Em dias de chuva
Onde purifico o corpo

Os mesmos dias em que não purificas a alma
Por não lhe conheceres a esquina do seu grito…

Não me mates só por matar

Mata-me o princípio de ti
Que termina no resto de mim…

Depois
Se te quiseres matar
Mata-te!

Mas deixa-me ficar
Continuar neste meu sóbrio desejo
De lutar!

Manuela Fonseca

Lara Li - Telepatia

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

E foi naquela ausência


E foi naquela ausência
De presença
Lareira em forma de Castor
Que te bebi o silêncio
Do mundo inteiro
Conheci cada traço
De todos os teus gestos
E as palavras procuravam-se
Sofregamente
No abraço apertado
Em que deixei de estar viva
Para renascer
- Repentinamente!
Em busca do teu olhar
Arredondado
Igual ao meu
Num rosto tão secreto
- Pecador
- Amador
Pelo sorriso atrasado

E na tua ausência
Estava a minha presença!

Manuela Fonseca

Me and Mrs Jones

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sentei-me no parapeito da janela


Sentei-me no parapeito da janela
Com a claridade a dar-me na alma
Sem desvendar olhares
Nem contar os gestos que paravam
Para me falarem coisas
De outras esquinas
Onde os braços se tinham cravado
Um dia…

A ponta dos dedos adormecia
Na voz quente que os embalava
Os traços não definiam
O perfil das histórias consoladas
Nem o vento passava
Onde os braços cansados
Repetiam calados
As mesmas histórias
Livres e ordenadas
Que
Um dia…

Foram contadas.

Manuela Fonseca

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Olhares que trouxe comigo...






Olá meus amigos e poetas destes meus ensaios!


Estive fora uma semaninha, revendo a linda cidade de Seia e Covilhã.Comprando aqueles queijos e requeijões que só a Serra da Estrela me sabe, tão bem, apaladar. Também a visitei, subindo-a já com saudades na descida... Foram dias de descanso que tanta falta faziam à minha alma, no seu recanto mais "infantil"...

Já na despedida, ou quase, estive 3 dias na Atalaia, um lugar que nunca dispenso pela sua beleza, silêncio, céu estrelado, estupidamente belo de estrelas, onde posso vislumbrar a Via Láctea que me põe a sonhar com algo melhor...

Àparte isto, um magusto bem feito e delicioso.

Como é bom vestir a alma de campo e do seu silêncio, deixando que a Serra me espie e me acaricie com as suas soberbas ondulações.

O Outono tem encontros de luz e cores que se enquadram no lado mais ímpar do meu coração.

Às vezes, sou tão feliz! Porque a felicidade é isso mesmo..."às vezes".

Deixo-vos aqui alguns olhares que trouxe comigo.

Beijinhos grandes para todos***

Manuela Fonseca

domingo, 28 de outubro de 2007

Encostei-me ao muro da alma


Encostei-me ao muro da alma
E pus-me a pensar nas coisas da vida
Espírito irrequieto
Que no silêncio do corpo
Dança os véus da mente
Eu queria seguir com os braços do descanso
O descanso dos dedos que me atropelam
Que me fazem olhar o mundo
Com o vómito da repulsa
Ou com o sorriso de um sorriso
Que tanto esperei ver sorrir…

E neste meu pensar
De ver as coisas para além do que são
Vou viajando de vida em vida
Na esperança de me encontrar
Sem que seja preciso procurar-me…

Manuela Fonseca

sábado, 27 de outubro de 2007

Do alto da falésia


Há, realmente, uma linda coisa
No horizonte a brilhar
É onde a ave sempre poisa
Quando se cansa de voar

A verdade de a estar a ver
É coisa mais linda, ainda!
É não sentir nem querer
Um dia, essa coisa finda...

Manuela Fonseca

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Impossível de tocar


É como plastificar a estrada
E nunca ter ao lado um tecto
Impossível de ser
É como sair das margens da estrada incompleta
De estrada...
Onde não é possível entrar
E outra alma arrecadar

É como ser insensível
Ao perfume do asfalto dessa estrada
E chorar a vida
Num canto escondida

É suportar uma imagem
De estrada corrida
Desconhecer sua meta
Impossível de chegar
Impossível de tocar

Manuela Fonseca

O medo que me atormenta


Já não te encontro
Quando te choro
Em nome arrancado
Reflectido no chão

Caminho só pelos anos
Esgueirada neste reflexo
Espreitando ansiosa
O interior da tua alma

O medo que me atormenta!

O medo que come comigo,
Sentado à mesa,
As migalhas do passado
Revejo-lhe o nome do teu rosto
Sentenciando este meu destino

Por aqui já não estou
Quando esse teu rosto
Se identificar com o meu
Olho-me no teu reflexo
E já só penso que não sou eu!

Manuela Fonseca

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

domingo, 21 de outubro de 2007

Amizade em poesia...

Olho em redor,
Vejo melodias…
Vejo histórias
Sinto a dor!
Vejo nos teus dias
O Mar…
A ânsia do querer
Vejo o teu lutar
O interior do teu Ser
Perdoa-me! Vejo o teu amor.

Essência da tua pessoa
Da tua amizade
Por seres como és… Assim!

A voz que soa…
A melodia da verdade
Uma amiga para mim!

Paulo Afonso

20/10/2007



Encontros outonais
São como histórias de fiar
Olhares cúmplices
Arredondam
As árvores de ficar
Que sombreadas
Oferecem o bem-estar
Com o destino traçado

Quatro corpos
Identidades opostas
Reúnem troncos centenários
Encostados ao azul
De um Tejo
Que te observa
Que nos abençoa
E que nunca nos separa
No maior mundo
De todos os mundos

- A Amizade!

Manuela Fonseca

20/10/2007

Uma tarde com Paulo Afonso



sábado, 20 de outubro de 2007

...incógnita


Tropeçava devagar (no seu vagar)
Entre espigas e searas do tempo
Acariciava com os dedos
A coragem suavizada
Pelo olhar invulgar
De filha incógnita...

O riacho da sua dor
Tinha a cor transparente e lúcida
Da rejeição
Imputada e amputada
No ruído delirante
Da demência da alma (alma sua)

E a lágrima ancorada
Sombreou o riacho
Transbordando em desejos antigos
Agora evacuados de um coração
Em searas de angústia

Paralisou a vida
Secou o cabelo à solidão
E nas mãos
Arredondou o regaço
Num suave despertar
E nele arrecadou
O Ser incógnito
De uma filha...

-Filha de ninguém

Manuela Fonseca

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Amaldiçoou-se a si mesma!


A chuva não parava
Dia após noite
As colinas do tempo
Alongaram as suas lágrimas
Imersas em nevoeiro
Humidade da alma

O coração escondia a lama
Até à altura da mente
Embrulhada em capa de passados
Num xaile pesado de mágoas

Sentia os dedos dormentes
E vagarosos
Ao manusear o sobressalto
Que lhe caía das mãos frias

Um Universo paralelo
A colinas celtas
Misteriosa ilha dos segredos da alma
Guardiões de grandes histórias
Eternas e sagradas
Na trama de silêncios e traições


E amaldiçoou-se a si mesma!

Manuela Fonseca

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Caros colegas e amigos


Caros colegas e amigos,


Sexta-feira – 19/10/2007 – às 21h30, quem puder, esteja presente na apresentação do novo CD “Voyeur” de Ex-Ricardo dePinho Teixeira, no fórum da Fnac do Gaia Shopping. Contará também com a participação especial de Cristina Bacelar, Pedro Romualdo, Nuno Saavedra e Ironic Salazar.



Nesta mesma noite também serão apresentados mais 2 novidades Corpos -

"Reticências..." de Paulo Alcoforado | "Amores (Im)perfeitos" de Carla Veiga Ribeiro

Beijinhos e felicidades a todos!

Manuela Fonseca

domingo, 14 de outubro de 2007

As lágrimas soltam-se


As lágrimas soltam-se
Em cataratas possantes
Espírito selvagem e do vento
Que em silêncio escorre da planície…

Não quero secá-las em adeus
Nem quero possuí-las
Em cânticos de louvor
Quero soltá-las
Libertá-las e adoçá-las
De tanta mágoa e dor

… Sem que seja preciso procurá-las!

Manuela Fonseca

sábado, 13 de outubro de 2007

O traço de mim


Ele é o traço
Que traço
Em redor do meu traço
Amado e achado
Para que tracejada seja eu
De mim
Ele é o traço do amor
Em que penso traçando
E escutando o corte
De mil traços tracejados
Este é o poema – traçado no rosto
Em que busco o tracejado
Recortado de um silêncio de ti

Manuela Fonseca

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Inventei o sorriso para me disfarçar


Inventei o sorriso para me disfarçar
Sóbria de ninguém eu quis morrer
E enchi de festas a minha alma desnudada
Era eu semelhante à semelhança
Que havia em ti
… Esperando que me olhasses
… Que me tocasses
… E me amasses

E ninguém mais me sabia entender
Nem conhecer…

Manuela Fonseca

domingo, 7 de outubro de 2007

Branca lágrima de paz!


Branca era a lágrima
Branca e prisioneira
Ao canto do olhar
Bailando a dança da tristeza
No salão verde da desilusão

Branca e impaciente
Esperava o breve pestanejar
Para deslizar em rosto tenso
E salgar a boca seca de memórias

Tão branca que era a lágrima
Tão diferente das demais
Que pecam em transparência

Branca lágrima de paz!

Manuela Fonseca

A vida descansou nas minhas mãos


A vida descansou nas minhas mãos
A poesia caminhou
Em escarpas amontoadas
Ali
Ao meu lado...

O barco do vizinho
No silêncio parte
E gaivotas de mar inverso
Descem a pique na morte...

Manuela Fonseca

sábado, 6 de outubro de 2007

O Brilho da Solidão



Levava pesos de correntes
Arrastadas pelos pés descalços
Cega de pureza constante
Gritava num eco de agonia

- Onde tudo se perdera
- Diante da secura da alma!

Combates em vão secaram
Entre a Terra e o Mar
As arestas eram finas sementes
No brilho da solidão

Cavalgava caminhos indecentes
Onde o baço se repartia
Num eterno espaço delirante
De luzes entorpecidas

Escorreguei de mim
Caí naquela poça de solidão
Andei séculos acorrentada
Suspensa no lado mais oriente da estrada

- Onde tudo se perdeu
- Diante da secura da alma!

Manuela Fonseca

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Não digas que não sabes


Não digas que não sabes
Se nunca te magoaste
Nas esquinas dos trevos
Que guardas em livros antigos
Que nunca chegaste a ler…

Nem digas que já sabes
Se nunca te deixaste cair
Na cratera do pecado
Aquele lado errado
De onde sais no teu vagar
Em coisas de navegar
Para mais tarde me vires contar…

Manuela Fonseca

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Não me peças para voltar


Não me peças para voltar
A um não saber olhar
Onde sempre fui sossegar
O sorriso de não sonhar
Sou feliz, hoje!
Com todos os senãos
Existentes em todas as belas
Histórias de amor

Os dias não são todos de sorrisos
Nem de lágrimas…

São dias de coragem
Nascida a cada manhã
Dias de luta
Que nem sempre
Mostram derrota
Nem sempre vitória

Mas hoje, sou feliz…
Feliz… Apenas comigo!
É assim que quero ser
Apenas de mim…

Manuela Fonseca

A vida que circula nas tuas veias


A vida que circula nas tuas veias
É vida enaltecida
Banhada de marés vivas
Imprudentes
Irreverentes
Que estalam em ondas
De contentes

A vida não é para recordar
Nos teus aniversários
Nos teus natais
E nas tuas mortes…

A vida é para circular nas tuas veias
Todos os dias do teu sorriso
Da tua voz
Da tua lágrima
Dos teus passos errantes
E certeiros
Em beijos que nunca se negaram
E sempre se deram inteiros

Manuela Fonseca

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Tertúlia de Poesia






Antes do lançamento, duas fotos para ficarem nas memórias do tempo, de um tempo que passa...

Amizade... Não vale nada, nada, nada...

Vale... TUDO!!!

Beijinhos a todos***

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

domingo, 23 de setembro de 2007

Tristezas de uma rainha


Corrias prados verdes em jogos de sentinela
Com tuas aias de cetim aos ombros
Vivias no ontem permanecida de negro brilhante
Que encantava o teu sorriso corado
Dançavas noites de tílias e cidreiras
Que colhias nos jardins de Éden
Do teu palácio branco onde o silêncio florescia
A cada lago que lhe pousavas

Cantavas em harpas de cristal puro
Com voz de rainha leve, mais leve que uma dança
Os teus dedos percorriam o preto e o branco
Das teclas de um piano que te enfeitava os dias
Com as mãos compunhas coisas do coração
Para te aconchegares nas noites felizes

A trote chegou o inimigo…

Colheste o sangue vermelho do teu amado Rei
Com as lágrimas e tristezas de uma rainha
Onde o lago se inundou de ódios e espadas perdidas
Ias e vinhas, solitária e transparente de mágoas
E as memórias das coisas já te açoitavam
O lado menor dos Homens impacientes
Em sombras amargas de emboscadas pérfidas

Rasgaste a leveza doce no último sopro do teu amado
Embainhaste a sua espada como num sono inquieto
Subiste as escadas solitárias de angústias
E gritos de aias trespassados à tua passagem

Mal chegaste…
Já não voltaste…
E nos fundos dos caminhos
Te extinguiste…

No chão dos teus aposentos
Escancarado ficou de sangue manchado
O teu vestido de véspera libertado…

Manuela Fonseca

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

As lágrimas de um pai


Quantas lágrimas te caíram
Nesses teus caminhos de fome
E pobreza, pai?
Quantas perguntas
Não sabias fazer em idades
De destinos que esperavas diferentes, pai?
Quantos mares desbravaram
Os teus segredos e medos, pai?
Quantas dores se rasgaram no teu peito
Imperfeito por nascença, pai?
Quantas perguntas foram caindo
E ficando por fazer em cada dia
De uma infância a crescer, pai?

Quantas esperanças perdidas
Em anos de fantasias
De utopias
De morrer em ansiedade…

Quantas batalhas ganharam
Nessa tua luta dobrada
Labuta de trabalhos intocáveis, pai?
Quantas estrelas contaste à noite
Antes do sono chegar
Em dias de te arrasar, pai?
Quantas refeições comeste a uma mesa
De linho imaculado
Num ímpeto de perdas e sorrisos
Mal esgueirados, pai?

Quantas vezes pensaste
No teu desconhecido pai
Quando olhavas as palavras
Ainda sem saberes ler, pai?

Quantas lágrimas engoliste
Para não te sentires fraco, pai?

Amo-te, pai!

Manuela Fonseca

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O perfume do peixe


O perfume do peixe saltitando na areia molhada
O barco anoitecendo em algas arrastadas
E eu sentada no muro do Tempo
Enroscada no habitual xaile de cores desbotadas
Olhava o mar que se esvaziava de águas azuis

Os homens gritavam as horas sugadas
Em dias de longas esperas
Fumando o cigarro mais barato
Esperando à proa que o isco puxasse
Na derrota do perfume do peixe que nele se fiasse

Enroscada ao meu habitual xaile
O tal das cores desbotadas
Levei dois peixes em papel pardo
Que não derretia o seu perfume intenso
E dei-os de presente a mim mesma
Numa mesa de dois lugares
Onde só um era ocupado
De culpas e saudades
Na traição de um mar azul
Aparentemente, sossegado…

Manuela Fonseca

terça-feira, 18 de setembro de 2007





Caros colegas e amigos,

O lançamento do meu 1º livro de Poesia " No Limiar das Palavras ", será no próximo dia 29 de Setembro, pelas 17 horas, na Biblioteca Municipal da Amadora.

Será um dia especial, para mim, que muito gostaria de partilhar com os meus amigos e poetas!

Apareçam e dividam este momento ao meu lado. Terei um miminho para todos.

Um muito obrigado, desde já!

Beijinhos desta vossa amiga

Manuela Fonseca***

Nesta melodia


Nesta melodia
Que encerro de Mim
Nasce outra coisa
Uma espécie de dia
Que desagua em Ti

Manuela Fonseca

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Filhos da mãe!


Nasciam Homens
No perfil aquilino
De uma guerra esgueirada
Sem mentes esquecidas
Os Homens tornavam-se animais
De anjos trincados
Pelo sabor agridoce
De um Mundo ansiado
De coisas maiores
De certezas melhores
E de sangues menores

Alá!

Em nome de Alá
Matam-se os Homens
E escoam-se os sangues
Inocentes de Fomes!

Filhos da mãe!

Manuela Fonseca

domingo, 9 de setembro de 2007

Carta a mim mesma


Hoje, acordei de manhã e vi-me especial. Assim, especial só para mim. Libertei-me de todas as arenas empoeiradas que me sufocavam a garganta em silêncios bafejados de espadas afiadas, mergulhadas num medo inseguro do qual me acuso.
Agora é tempo de arrumar as gavetas do medo, divisões certeiras conjugadas em mim. Daqui a uns anos vou divorciar-me de outros anos e voltar a casar com os anos do sorriso, aquele sorriso em que me revelo por inteiro, quando vejo uma criança ou cheiro o alecrim que está no roçar da minha rua.
A minha rua é tão bonita de flores e árvores e bancos de jardim! A rua que foi de mim, dos meus filhos e, agora, dos meus netos. É uma rua de descendentes, de amores-perfeitos em corações, às vezes, desfeitos…
Vou aprender a voar nas asas de um pássaro qualquer, para entregar recados de amor, recados de mim, retalhados em linhas quadradas num caderno jasmim. Logo a seguir, quero mais coisas! Estou tão estonteante nestas minhas ideias que quero transformá-las em cafés da manhã, mesmo que esses cafés não sejam mais que um simples iogurte onde sempre me hei-de beber.

E, um dia, caminharei em caminhos naturais
Mundo só meu… Onde só eu poderei sair, sem entrar…

Manuela Fonseca

Até sempre!