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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo - 2011



Que o Novo Ano 2011 traga muita paz e esperança unidas à saúde, a todos os amigos
deste meu cantinho.
Beijinhos de amizade,
Manuela Fonseca

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A minha bússola da Amizade é feita de um ouro especial...


Boa tarde Manuela

Adorei o encontro no passado dia 16 de Outubro. As suas palavras emocionaram-me como há muito já não acontecia, porque vivemos sobretudo num mundo, onde as pessoas são indiferentes umas às outras, provocando o aniquilamento de qualquer diálogo.

E ali naquele espaço onde as palavras e os sentimentos fizeram uma ponte nasceu uma realidade diferente, onde o diálogo, a partilha e a amizade tiveram primazia.

Espero reencontrá-la de novo no lançamento do seu livro, e, ou, noutras oportunidades.

Vou-lhe enviar o poema que lhe dediquei. Grata pela sua atenção e amizade.

Cordiais cumprimentos

Paula Costa




"Breve brisa

que acaricia

as copas

das árvores

que derivam

ao sabor

de sentimentos

alheios

Breve poder

estar sem pressas

aproveitando

o momento

enriquecido

pelo esplendor

único do mundo

construtivo

embalador

nas horas de sossego."

15/10/2010


Este poema é para lhe agradecer o encontro onde as palavras ganharam dimensão


O encontro foi surpreendente

As suas palavras ecoaram

no coração de cada um

na emoção sentida e vivida

na alma do subtexto

onde o rio flúi

onde a água

em todo o seu conjunto

é derramada

num grande oceano

de profundas harmonias

proliferadas

no principio do bem-estar

É importante que assim seja

para que possa haver

o equilíbrio no mundo.


18/10/2010

Paula Costa

(Paula, grata por este carinho e amizade.
Retribuídos com toda a minha ternura!
Beijinhos e um longo abraço
Manuela Fonseca)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Filho da Lua


Que poderei eu fazer

A não ser deixar queimar o medo

Em fogo secreto que acendo

E calar este silêncio na cor da noite

Dizimar horas que me separam

Em distâncias baloiçadas

Abandonadas


Talvez um dia escale a sua montanha

A mais íngreme do mundo

Deixar que o vento me rasgue

Sorrisos rasteiros

Onde escorreguem solidões

Por penhascos agrestes

Contemplando a península estendida até Lisboa

Prateada


Se eu pudesse dizer

O que sinto agora

Se eu soubesse achar o caminho

Do Filho da Lua

Os seus pensamentos irrequietos

Na travessia do Tejo

Seria a autora do seu destino


Se eu soubesse andar para trás

Subir aos calvários e trazer nas mãos

O calor do olhar da Filha da Terra

Como num livro que tivesse escrito

Sentada nas estrelas de um jardim céltico

Perdido e encontrado

Nos olhos que vi



Ah, Filho da Lua

Se eu soubesse…

Manuela Fonseca


sábado, 11 de setembro de 2010

As Duas Faces do Sonho


Sentas-te à beira do caminho
Que atravessa a minha aldeia
Pela alvorada
Vês-me sair com o rebanho
Para o Outeiro
Levando na mão o cajado
Que é maior do que eu
E no coração
Os meus sonhos de infância…

Quando passo rente a ti, sem te ver
Decifras no meu olhar
Algo que me é indecifrável
Observas-me o corpo
Pequeno e robusto
Desprovido de graça e beleza
Movendo-se com pressa
A caminho do Outeiro

“ Que levará ela no pensamento?
Coisas sonhadas
E o sonho de que algum dia as viverá?
Ela que não tenha ilusões…
As coisas sonhadas são só sonhos
Retardados e amarelados pelo Tempo.
As que nós, um dia, viveremos
Essas sim, serão as realidades
Parecidas com os nossos sonhos… “

Eu sei…

E pelo caminho
Ouves-me assobiar uma cantiga semelhante
À que a tua mãe canta à noite
Ao adormecer o teu irmão.
Não estou contente nem triste.
Para mim, a Vida não tem mais sentido
Do que aquele que eu lhe dou

Sento-me na pedra lisa do Outeiro
Sem pensar que ela existe
E o que vejo todos os dias
Todos os dias é como se o visse
Pela primeira vez.
E o meu rebanho
Que pasta sem conhecer outro Outeiro
É feliz por isso…

Por não conhecer outro Outeiro.

Manuela Fonseca

sábado, 28 de agosto de 2010

Não te detenhas em mim




Não te detenhas em mim
Deixa apenas que me enrosque
No teu sofá verde água
E poise o rosto no teu colo
Sentindo as tuas mãos
Deslizarem pelo meu cabelo
Que escorrega sem pressa
Descobrindo os meus ombros
Despidos de sedas orientais

Um dia…

Visitar-te-ei todas as noites
Sem nunca me veres
Mas sempre me sentirás.

Manuela Fonseca

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Na intensidade dos gestos


Na intensidade dos gestos
Só sei navegar
Pela ausência do mar
Que há muito tempo
Me deixou em choro
Compulsivo

Navego em teu olhar
Descubro segredos tardios
Pardos de entender
Palavras esculpidas
Sentadas à beira da vida
Que abriste docemente

Num golpe profundo
Parti o meu navegar
E logo me perdi
Arrependi
Arrefecendo o horizonte
Rude de caminhos
Fraco de sorrisos
Forte de outros amores

Diante do meu último olhar
O teu rosto fui buscar
E a partilha era feita de ternura
Onde eu já não cabia
Nas vidas em que fui navegar
Para a ti te as entregar

Manuela Fonseca

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Uma metáfora é tudo isto


Uma metáfora é tudo isto e ainda (deixa ver se me recordo) dos sorvetes que comia num lambuzar constante de cara virada ao contrário para ver os olhos velhinhos da minha avó que me espiava dentro dos 80 anos e me comia os restos que me sobravam do prato para eu não levar pancada e também da sua própria fome de comeres bem confeccionados.

Manuela Fonseca

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Esboço de Alzheimer II


Pendurada na sua própria dor
Desfolhava as mágoas guardadas
Como quem reza um terço
Esperando um milagre
Que nunca chega por falta de fé anunciada

O olhar parou no degrau do passado

Já nada esperava
E a esperança dançava-lhe
Nas mãos trémulas
A dança eterna
Do destino prometido

Abriu um livro ao acaso
E com a voz entorpecida pela fatalidade
Bebendo lágrimas de medo
Ela leu:

“Sê como a árvore do sândalo que perfuma até o machado que a corta”

Manuela Fonseca

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Esboço de Alzheimer




As palavras entraram
Esquecidas e apertadas
Pela porta dos fundos

Pendurada a memória
Em ausente suporte emocional
Ali ficaram pousadas no nada

Confusas
Soltas
Mal titubeadas



Manuela Fonseca

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mulher Alentejana


Mulher Alentejana é madrigal

É aragem fresca, água que corre

É sentimento que nunca morre

Mulher Alentejana é farol

A sua luz faz inveja ao sol


É força agreste, terra barrenta

Fruta silvestre, amora preta

Veste-se de negro simples discreta

Esconde o choro num riso franco

Olha o campo é filho seu

Morreu na guerra, luto lhe deu

Raiva bravia, fundo barranco

Que lhe engoliu os sentires

Rugas na pele gasta p'lo sol

Já foi menina de frescas carnes

Foi rainha de alguns amores

Hoje velhinha pensa na prol


Olha pró sol, aqui estou eu

Vivi a vida que Deus me deu

Posso morrer vou descansada

Perdi os passos naquela estrada

Ganhei o chão onde vou morar

Com o meu filho vou descansar


Olha pró sol, último adeus

À terra virgem, barro gasto

Já não há trigo, já não há pasto

Ai Alentejo dos olhos meus


De Antónia Ruivo


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Granja




Pilhagens te ocultaram memórias

Réstias de uma história bem tua

São contemporâneas tuas glórias

Representadas em ti por cada rua


De três vilas tua adega cooperativa

Vem dos teus campos saboroso mel

O teu artesanato é tua imagem viva

Fragor dum campo com vidas de fel


As chaminés mouriscas são o relevo

Da herança árabe que ali permaneceu

E que o rei conquistador desvaneceu


A Igreja de S. Brás torna-se o enlevo

Pois da Misericórdia se estabeleceu

Centro de convívio de quem padeceu


António MR Martins


2010.07.20

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Fonte do Castanheiro"


Beatriz foi deitar-se e levou um livro de poesia nas mãos "Coimbra ao som da água" onde leu com emoção:

“ há um pombo no céu da cidade

arrisca o seu voo
entre as arestas e o próprio poema
que em suas asas nasce

súbito
descende à raiz da fonte

um sussurro o acorda e acolhe
numa sonata iluminada"

Xavier Zarco



Adormeceu com o livro e com as memórias de Coimbra.




sábado, 10 de julho de 2010

Sessão de apresentação do meu livro "O Último Beijo" no Irish Pub Hennessy's

Queridos amigos,

Foi uma daqueles noites a não esquecer, adorei estar rodeada de amigos, de boa música e de palavras simples.

E juro que só bebi um sumo de maçã! ;)

Agradeço ao poeta Eduardo Montepuez por ter apresentado o meu livro.

Ao Flávio, pela cedência do espaço.

Às minhas amigas e amigos ali presentes de coração, sorrisos e muita alegria.

Aos leitores que levaram este meu livro para casa. (espero o feedback) :)

Obrigado Temas Originais!

Deixo aqui bocadinhos da noite, que partilho com os amigos.

Um grandeeeeeeee beijinho da amiga

Manuela Fonseca ***---***

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nova apresentação do meu livro "O Último Beijo"


Queridos amigos,

No próximo dia 9 de Julho, pelas 21:00h, farei mais uma sessão de apresentação do meu livro "O Último Beijo", no Irish Pub Hennessy's, sito na Rua Cais do Sodré, 32 - 38, Lisboa.

Obra e autora serão apresentadas pelo poeta Eduardo Montepuez.

Estão todos convidados com a amizade de sempre!

Apareçam por lá, para aquele abraço amigo e apertado. Eu ficarei muito feliz!

Beijinhos da amiga

Manuela Fonseca

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cartas de amor


Só ela sabia escrever cartas de amor
Sentada a um canto da janela
Olhava a planície alentejana
Pousava o croché
Para a mesa da sala de jantar
No colo de avental
E escrevia cartas de amor
Com olhares de andorinha
E alma de melros esvoaçantes

Depois guardava as cartas no aparador
Escondia a chave no avesso do avental
E sorria à planície alentejana
Voltando a pegar no desenho acomodado
Do seu croché

Manuela Fonseca

domingo, 27 de junho de 2010

Ateneu Comercial do Porto - 26 de Junho de 2010

Queridos amigos,

Adorei ir ao Porto, passear-me naquelas ruas e deliciar-me com uns pastéis de nata divinais :)

A apresentação do meu livro, foi um momento a não esquecer, ficará para sempre na minha memória.

Obrigado José Ilídio Torres, aquele amigo especial, homem do Norte, senhor das letras! Aquele abraço e um grande beijinho por teres aceitado o meu convite!

Obrigado Pedro Baptista (o editor de Coimbra) por estar ao meu lado a representar a editora. Um beijinho grande!

Obrigado a todos os amigos presentes por me provarem a vossa Amizade e carinho.

E aqui ficam alguns momentos a não esquecer.

Um grande beijinho a todos!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sessão de apresentação do meu livro "O Último Beijo" no Porto


Queridos amigos,

No dia 26 de Junho pelas 16:00h eu, Manuela Fonseca, e a minha editora Temas Originais temos o prazer de os convidar a estarem presentes na sessão de Apresentação do meu livro "O Último Beijo", no Ateneu Comercial do Porto, sito na Rua Passos Manuel, 44 - Porto.

Obra e autora serão apresentadas pelo escritor José Idílio Torres.

Terei muito gosto em estar rodeada de amigos que já passaram do virtual ao real e daqueles amigos que desejo conhecer, pessoalmente. Todos! :)Espero-vos com carinho e ansiedade.

Até já.

Beijinhos da vossa amiga
Manuela Fonseca

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ontem, dia 14 de Junho de 2010, o meu blog fez 3 aninhos!


Obrigada a todos os amigos e conhecidos que, por aqui, vão deixando os seus comentários, as suas palavras e, essencialmente, a sua Amizade. Esta é a minha salinha acolhedora sempre de porta aberta para os amigos, poetas, escritores, cantores, músicos, não importa a profissão mas sim a AMIZADE contínua e sincera.

Por isso, vos agradeço mais uma vez e voltem sempre que quiserem. Aqui estarei!

Um beijinho muito grande da vossa sempre amiga

Manuela Fonseca

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Apresentação do meu livro "O Último Beijo" em Santa Iria de Azóia

E foi assim que tudo aconteceu na Casa da Cultura de Santa Iria de Azóia.

Deixo-te um profundo agradecimento, Carlos Teixeira Luís, pelas palavras que emprestaste ao meu livro, nesta apresentação. Bem-hajas! Um abraço ao amigo, escritor e meu editor Paulo Afonso Ramos por me ter falado no teu nome. Foi um prazer enorme conhecer-te e conhecer a tua escrita através do livro que me ofereceste, Carlos.

Aqui ficam umas fotos para todos os amigos.
Com amizade e carinho, um beijinho a todos.

Vossa amiga,
Manuela Fonseca

terça-feira, 8 de junho de 2010

Apresentação do meu livro "O Último Beijo" em Santa Iria de Azóia


Meus amigos,

Tenho o prazer de os convidar a estarem presentes na sessão de Apresentação do meu novo livro "O Último Beijo" na Casa da Cultura em Santa Iria de Azóia, sita na Rua de Angola - 2, em Santa Iria de Azóia, dia 12 de Junho pelas 17:00h

Obra e autora serão apresentadas pelo escritor Carlos Teixeira Luís.

Terei muito gosto e prazer em tê-los ao meu lado, nessa tarde.

Apareçam, amigos!

Beijinhos da vossa amiga

Manuela Fonseca

sexta-feira, 28 de maio de 2010

É porque cada minuto foi vivido...



Se as gentes me doem ao passar
é porque cada minuto foi vivido

por mim...

por elas...

lutas definitivas
de amores demorados
passos encontrados
em sorrisos perfumados

é porque cada minuto foi vivido...



Manuela Fonseca

terça-feira, 18 de maio de 2010

Dá-me o pão que te fica intacto


Dá-me o pão que te fica intacto
Para que as minhas mãos
Se aninhem em concha
Qual sonho de criança feliz
Sem abutres atentos
Ao tombo da morte que se adivinha

Sem alcances à tua vida
De falsas sedas
E punhados de mentiras
Cristalizadas
Na gargalhada bêbeda
Que a noite destapa
No vazio do teu dia

Oferece-me esse pão que te fica intacto

Manuela Fonseca

quinta-feira, 13 de maio de 2010

E foi assim a tarde de ontem... Amizade e palavras entrelaçaram-se em abraços e sorrisos!

Meus amigos,

O espaço "Comicios & Bebicios" é pequeno e acolhedor. As pessoas que me acompanharam foram poucas. Mas tive lá os meus queridos pais, um filho que me foi dar um beijinho (estava doente...)

Enquanto as palavras da Mel não se soltavam do papel, conversámos e, ainda, brincámos um pouquinho. Eis que aparece, sem aviso, o amigo, escritor e meu editor Paulo Afonso Ramos. Confesso que não esperava e fiquei muito feliz! Obrigado Paulo!

A música de fundo que eu levei (Diana Krall) calou-se. E foi o início da Apresentação.

- Paulo Afonso Ramos representou a editora e, muito bem, como seria de esperar.

- No momento seguinte, surge a Apresentação da amiga e escritora Mel de Carvalho:

"O "O Último Beijo" de Manuela Fonseca é, e digo-o aqui peremptoriamente, um livro/romance - revelação.

Revelação no sentido em que, não só revela, inequivocamente, o potencial lírio e poético da autora em coadjuvação com o seu potencial emergente no domínio da prosa, da narrativa, como - e na minha óptica o mais importante, o mais sublime - , revela a interioridade, o que de melhor e pior se oculta por detrás de cada um de nós, seres humanos.

É, assim o li, um romance, que não sendo em absoluto "apenas autobiográfico" é catarse; um romance em que Manuela Fonseca faz a exorcização dos seus fantasmas ( que são os fantasmas comuns a muitas mulheres, infelizmente...) ao mesmo tempo que nos coloca em mãos, qual terapia ao alcance de todos nós, e a um custo zero, um caminho...

Um romance em que "o sonho comanda a vida", e em que se discute a questão tão pertinente e sempre actual, sobre a "insustentável leveza do ser" ou, para ser mais clara, a questão de que, homens e mulheres, enquanto seres gregários que são, estão, digamos, que "programados" para partilhar a vida, o dia-a-dia, o quotidiano com outros seres, malgrado dores e vicissitudes, desilusões e sofrimentos, regenerando, reconstruindo trilhos dentro de si mesmos, no sentido de se reencontrarem plenos, livres em liberdade de se sentirem "amarrados" ( vidé, a propósito o belíssimo extracto de " O Principezinho" de Antoine de Saint-Exupéry, citado no último capítulo)...

O caminho que este romance nos indica, é um caminho ao alcance de todos nós, portanto. E esse caminho, é um caminho de laços e afectos, de ternuras e cumplicidades que, desde logo se cimentam no plano relacional da estrutura primeira - a família de proveniência (os pais, os avós) que se maximiza nos filhos e que se ancora na amizade de e para com Inês, amiga de longa data...

( Inês é, portanto, a âncora de Bea ou Beatriz, sendo que Bea é - abro aqui
um pequeno parêntese, levanto o véu -, a personagem principal, a mulher
de sete ofícios, a lutadora, a sonhadora, a que sofre, a que chora, a que
se relega por vezes a planos menores, de limbo e apatia, mas também a que
nunca desiste de ser mãe, de ser a amiga e, por fim, de ser a amante/amada
- esposa, mulher plena e realizada. Mas sempre filha, mãe, amiga...e
sempre Mulher.)

Pelo caminho, neste caminho, surgem outras e não menos importantes personagens, num romance actualíssimo, onde se cruzam, cerzindo, teias de afectos geradas no plano dito de proximidade e vizinhança (trabalho, bairro, rua...) às só possíveis no século XXI, com recurso às novas tecnologias, por via das auto-estradas da informação. Assim desabrocham e crescem novas amizades, uma das quais destaco, com uma terceira mulher, decisiva no rumo da história, a que a autora, em boa hora decidiu dar o meu nome ( e porque vejo nisto um gesto generoso de amizade, te agradeço, Manuela - "bem-hajas, Manuela"...). E neste caminho, nesta "auto-estrada"...nasce um novo amor...

Não pretendendo ser exaustiva, e em jeito de síntese, destaco então a coerência que resulta do que, num primeiro olhar poderia parecer uma "manta de retalhos" de diferentes géneros: narrativa/prosa poética/poesia/epistolas ou, usando o texto de capa (verso) do livro, o somatório de um olhar sobre "um conjunto de fotografias desarrumadas numa caixa..."

Mas não, e não de todo. O conjunto é, de sobremaneira, maior do que as partes. O conjunto é harmónico e belo.

A coerência, portanto. Para além da beleza, para além do íntimo, da coragem, da assertividade no uso da palavra, nas remissões ao mundo de Beatriz e Inês, em que a música, a literatura, a paisagem (a vista e a imaginada) são passaportes para viagens igualmente íntimas e roteiros abertos que a Manuela Fonseca aqui nos deixa, com um "último beijo"...até ao próximo.

Por fim, atrevo-me a ler, o que me prendeu de imediato a este livro: a capa, o verso... (que a Manuela dedica a todas as mulheres)

(...)

E finalmente, agradeço-te, Manuela, pelo convite a estar aqui a teu lado neste alimento de alma que é, em nós, a partilha da palavra...
Bem-hajas! Um beijo...um último beijo...até ao próximo.

Mel de Carvalho

12 de Maio de 2010"

Amigos, nada mais tenho a acrescentar (apesar de umas palavras que disse...), apenas, um muito obrigado à Mel de Carvalho por ter aceitado o meu convite e um abraço enorme ao Paulo Afonso Ramos por estar presente a representar a editora Temas Originais.

Aqui ficam testemunhos da tarde de ontem com carinho, para todos vós.

Um beijo a todos...não o último, certamente :)

Manuela Fonseca

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Apresentação do meu livro "O Último Beijo" - Dia 12 pelas 17horas, em Bobadela



Queridos amigos,

no próximo dia 12 de Maio, pelas 17 horas, no "Comicios & Bebicios", na Bobadela, junto à farmácia, terá lugar uma apresentação do meu novo livro "O Último Beijo". Será apresentado pela amiga, poetisa e escritora Mel de Carvalho, com muita honra minha.A editora é a Temas Originais, a quem muito agradeço, desde já, todo o trabalho, paciência e simpatia que têem tido comigo.

"O Último Beijo"
(Romance)

Se puderem, apareçam! Será um enorme prazer receber os amigos e conhecidos desta e de outras casas.

Muitos beijinhos a todos*

Manuela Fonseca

sexta-feira, 30 de abril de 2010

"Os artistas da Almofadinha Verde" de Pedro Leitão




Hoje pelas 18.30h, na escola da Bobadela EB1 JI Nº3, o autor Pedro Leitão fez uma sessão de autógrafos e Apresentação do seu novo livro "Os artistas da Almofadinha Verde". Estive presente nesta sessão, acompanhando o meu neto mais novo de 7 anos, o Leandro.

Estive uns minutos à conversa com o autor e, pela simpatia, ofereci-lhe um exemplar do meu 2º livro.

Nunca tinha ido a uma Apresentação de leitura infantil, apesar de ter histórias infantis da minha autoria. Fechei-as na gaveta e hoje gostei do que vi e ouvi.

Quem sabe?...

Deixo aqui algumas fotos que partilho com os amigos.

Um abraço ao Pedro Leitão!

Manuela Fonseca

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Abstenho-me de Verbos Imperfeitos


Abstenho-me de Verbos Imperfeitos

Conjugados no Pretérito

Perfeito da Vida

Pelo Presente do Indicativo

Rebolado num Passado

Mais que Perfeito

De um Futuro Conjuntivo


Manuela Fonseca

domingo, 18 de abril de 2010

Lançamento do livro " O Último Beijo " - Com Apresentação de Paulo Afonso Ramos





Apresentação do Romance: O Último Beijo de Manuela Fonseca
Lisboa, 17 de Abril de 2010

Por: Paulo Afonso Ramos

Introdução:

Peço-vos que não considerem as minhas palavras como uma apresentação, mas antes como um olhar sobre a obra que a Autora Manuela Fonseca nos escreveu.
Os livros devem ser sentidos, tocados, e de todas as minhas palavras que possam aqui ser reveladas, nunca vos chegarão tão bem como esse ritual. Nunca as palavras serão melhores do que a relação de cada leitor com o seu livro, enquanto o agarra e o desfolha, para o poder saborear enquanto o lê. Nunca! Mas tentarei o meu melhor. Tentarei decifrar, ao meu modo, essa relação entre um livro e o leitor que é tão intimista. Foi assim que o senti. E é disso que venho falar-vos. Do meu melhor de emoções sentidas!

Capa: - Não podia deixar de referir a capa, melhor, a imagem da capa-primeiro por ser uma escolha feliz que resulta perfeitamente, das mais bonitas que vi, e que está muito bem enquadrada com o teor do livro, depois por ser uma escolha da autora e por último, por ser um quadro do Leon Girardet-pintor e poeta francês do século XIX que viveu de 1857 a 1895.

Trilogia: - A minha linha de apreciação / As razões pela minha opção deste caminho em tributar:

Este romance, um rico e elegante tributo à amizade, está muito bem organizado e tem uma particular incidência nas várias trilogias que acontecem. Vejamos as que considero como as primeiras três partes:

* A narrativa
* A poesia
* E a epistolografia

A narrativa, quanto a mim muito bem conseguida, é-nos apresentada cheia de imagens e muito envolvente. De leitura acessível tem uma forma estranhamente familiar que nos agarra desde o primeiro momento. Creio que a Manuela Fonseca soube encontrar o ponto certo, ou a linha condutora, que produzisse, da melhor maneira, estes efeitos.

A poesia, qualidade de Beatriz, a personagem principal, aparece nos momentos genuínos, algumas vezes para atenuar alguma tensão que a leitura provoca, porque este romance transmite uma realidade tão credível que, quase sem darmos por isso, estamos a viver a história intensamente.

E a epistolografia, a criação de missivas, ou a composição poética em forma de carta, que nos transmite o outro olhar, entre Beatriz e Inês, de uma forma segura e quase só possível neste registo.

Curioso é ver a excelente interligação entre as três partes, que, e muito bem, formam um todo.

Sobre este romance- "O Último Beijo" - gostaria de contar pouco, somente o imprescindível para despertar o vosso desejo de ler esta belíssima história. Que recomendo vivamente!

E como disse atrás, venho falar-vos do que senti: No início pareceu-me uma história forte de amizade entre duas mulheres/personagens, que, por causa da vida infeliz de uma delas, se desenrolam em cenários sucessivos.
Depois encontrei uma primeira trilogia, quase como na Divina Comédia de Dante, dividida nas partes: Inferno representado num casamento falhado - Purgatório lugar onde se purificam as almas, potencializado na relação de amizade dessas duas mulheres, Beatriz e Inês, e - Paraíso lugar de delícias onde Afonso vem dar luz/esperança à vida de Beatriz.

E recordo que, no global, já tinha referido a trilogia no sentido da: Narrativa/Poesia e a Epistolografia. Numa outra vertente ficou implícito: Casamento/Divórcio e Amizade, que, mais tarde, daria uma oportunidade a uma outra forma especial da amizade - o Amor.

Mas o romance não fica por aqui! Só isto, embora não fosse pouco, seria insuficiente. Até porque, chegado a este momento ainda não tinha entendido a razão do título - " O Último Beijo " - e o que se seguia, mexia com os meus sentimentos.
Aquelas sensações que sentia descritas no livro já eram minhas também, as lágrimas, não se prendiam mais. Entrar no capítilo V do livro, veio desmoronar aquela protecção que conseguia manter até ali.
Creio que a ternura desta escrita não deixa ninguém indiferente. Quando lerem este livro vão poder certificar o que vos digo. Sente-se a verdade das palavras, sentem-se os gestos e os desejos, para lá das imagens que o livro projecta.

O livro ainda nos traz ligações acentuadas à vida com constantes registos das músicas, dos livros e dos lugares da nossa terra.

Podemos, mais uma vez, nesta trilogia, verificar alguns exemplos:
Na música com as canções: "Pedra Filosofal" cantada por Manuel Freire; "Restolho" de Mafalda Veiga e "Fascinação" de Elis Regina.

Os Livros: "As Esquinas do Tempo" de Rosa Lobato Faria, "Até Que O Amor Me Encontre" de Charles Martin e "Não Me Olhes Nos Olhos" de Tina Grube.

E dos lugares: Lisboa, quando a Autora faz um enquadramento da personagem principal, Londres - (Mencionado por seis vezes, é talvez a cidade mais importante na vida de Inês) e Ericeira - que é a consagração emblemática de Beatriz e Afonso.

E, para não ser maçador, vou terminar os exemplos desta minha acentuada opção das trilogias, num último molde: As menções de frases ou ideias de vários nomes da literatura!

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português, digo eu, o melhor de todos.

Paulo Coelho - Escritor, filósofo e letrista brasileiro, muito actual.

Sophia de Mello Breyner Andresen - Poetisa portuguesa das mais importantes do século XX.

O que me parece óbvio, é o facto de que, ilustrado com tamanhas referências, este objecto, enquanto livro, terá que merecer a nossa atenção. Não quero nem devo divulgar mais! Leiam o livro, por favor.

Notas finais:

Mesmo a terminar, gostaria de reforçar a ideia de sentir uma obra feliz, intimista e que teve, com certeza, o seu tempo de amadurecimento. Para que, agora, nós os Leitores, possamos ter o contentamento de a colher como uma fruta madura e muito, muito apreciada.

Explicar-vos ainda que o prazer que me deu ler e fazer esta Apresentação ou olhar de emoções sentidas, não tem palavras que o definam. Foi um contentamento constante, e por tudo isso, - "O Último Beijo" - até ao próximo, vai inteirinho para ti! Obrigado Manuela Fonseca, pelo convite que me fizeste para falar do teu menino, agora recém-nascido e os meus sinceros parabéns pelo que nos dás - um ímpar e valioso - captar dos sentidos.

" Como devem calcular, não sei das palavras certas para agradecer a esta Apresentação feita pelo amigo, escritor e editor Paulo Afonso Ramos! Sendo assim, restam-me as palavras comuns: Obrigado Paulo, com um grande Beijo, no teu coração! Não o último, certamente! "

Manuela Fonseca

terça-feira, 6 de abril de 2010

" O Último Beijo " - Lançamento do meu livro


“Numa caixa quadrada com tampa, de madeira pintada e uma argola em metal, as fotografias acumulavam-se baralhadas, sobrepostas, misturadas. Em desordem. Desarrumadas? Ela dizia que não, que essa era a única arrumação possível dos vestígios da vida, impressos em fotografias. Que arrumar por datas, fazer sequências, organizar um percurso de instantâneos, construir um álbum, seria como abrir uma auto-estrada. Que o trânsito da vida era outro.
- Achas que a nossa vida é uma sucessão de páginas que se voltam, de folhas que se viram?
E com um olhar ausente, numa perda infinita:
- Não. A vida não se traça, não se decreta. A vida corre, escorre. Sobre a vida discorre-se, tão-somente. Ou se conta, ou desaparece em qualquer data, para sempre, no meio de uma cronologia, eventualmente certa.
Calou-se. Acompanhava-a no silêncio, com sentimentos magoados. Começou a Primavera; nos cachos de glicínias, que nasceram primeiro do que as folhas como se fossem independentes e se exibissem por inteiro, translúcidos e suspensos, no principio de Abril. Até parecia que tinham nascido todos ao mesmo tempo, num mesmo momento, de um dia para o outro. Pura magia, essa grinalda de flores ao longo do antigo e ressequido tronco da sua planta trepadeira.
Alguns cachos, porém, já estavam caídos no passeio. Caminhávamos. Ela apanhava do chão, vagarosamente, um cacho intacto e deu-lhe, com os dedos, voltas de círculo, de ciclo. Passado algum tempo, como se falasse sozinha, no meio de uma praça de província, ao começo da manhãzinha, ainda sem vivalma por perto, ela pegou no princípio da conversa.
- Portanto numa caixa de fotografias, tudo pode começar a qualquer momento conforme a fotografia que vem ao de cima. A verdade é que há muitos anos não abro essa caixa e que, desde então, nego a fotografia como a fiel memória de algum vestígio humano. Prefiro um botão de vestido, o desenho ou a letra no caderno de escola. Prefiro, é uma maneira de dizer…
Nesse dia, nessa data, já a noite descia pelo fim da tarde. Depois do que não disse, claramente, ela entrou num jardim de crianças e pousou o cacho de glicínia no assento de um baloiço que ficou a balançar, ninguém sabe por quanto tempo…”


Dia 17 de Abril, pelas 19 horas, no Auditório do Campo Grande Nº 56, Lisboa.

Até já, amigos*

quinta-feira, 25 de março de 2010

Convite - O Último Beijo


Caros amigos,
no próximo dia 17 de Abril, pelas 19 horas, no Auditório do Campo Grande Nº 56, será o lançamento do meu novo livro "O Último Beijo". Desta vez, é um romance. Espero que todos gostem deste meu novo trabalho.
A editora é a Temas Originais, a quem muito agradeço, desde já, todo o trabalho e paciência que tiveram comigo.
Serei apresentada pelo escritor Paulo Afonso Ramos, que admiro muito.

"O Último Beijo"
(Romance)

Sinopse: "Entre os registos poético e epistolográfico, uma história que nos cativa e que tem como centro o valor da amizade".


Tentaremos que seja um fim de tarde bem passado. Se puderem aparecer, ficarei muito feliz com a vossa presença!

Obrigado a todos com um sempre "até já"

Manuela Fonseca

sexta-feira, 19 de março de 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Foi ele!


A minha alma é um chiqueiro. Com muita água conspurcada e comida roída pelos ratos. Sento-me no colo de um sonho distante e sinto-lhe o sopro da ilusão a roçar a diferença de uma água limpa. Já não são sonhos que me alimentam, amiga, são as memórias de um sótão podre de bafio contido em anos mal tratados. E eu puxo por essa memória para não me esquecer das horas más, dos esforços caídos como anjos tombados nas margens de um corpo. Sinto o cheiro a estrume, essa mistura fermentada de mamíferos a pastarem e a pisarem a erva que é só minha. O sol não nasce, a noite não desce e a água do poço da esperança vai secando… Mas como se o sol nunca nasce? Quem a secou? O vento leva-me o cabelo, entra-me nos dedos e ri, ri muito alto a fazer troça de mim. Foi ele! Foi o vento que secou a água do meu poço! As memórias eram, agora, de papelão encharcado nas águas sujas da alma. Os ratos levaram-me o sorriso. Deixaram-me as penas. Os pés perderam-se pelo caminho…

Manuela Fonseca

sábado, 30 de janeiro de 2010

O ROSTO E AS MÁSCARAS


Quando um poeta inferior sente, sente sempre por cadernos de encargos. Pode ser sincero na emoção: que importa, se o não é na poesia? Há poetas que atiram com o que sentem para o verso; nunca verificaram que o não sentiram. Chora Camões a perda da alma sua gentil; e afinal quem chora é Petrarca. Se Camões tivesse tido a emoção sinceramente sua, teria encontrado uma forma nova, palavras novas - tudo menos o soneto e o verso de dez sílabas. Mas não: usou o soneto em decassílabos como usaria luto na vida.

O meu mestre Caeiro foi o único poeta, inteiramente, sincero do mundo.

(1935?)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Reflexão...


Quantos vivem toda a vida sem descobrir o que sabem e amam?
Tantos.
Não ser um desses é essa a tua missão.

RICHARD BACH

Bom fim de semana a todos*

domingo, 3 de janeiro de 2010

Non Multa, Sed Multum


Já era tarde quando espreitei a rua pelas persianas entreabertas e o que mais me chateava era estar sempre incomodada com a ausência, à qual nunca me habituaria. Fechei os olhos e voltei a enrolar-me no cobertor castanho deixando escapar um sorriso de braço dado com uma lágrima.
O meu filho mais novo acordou e, esfregando um olho, rabugento pediu-me um copo de leite. Levantei-me, passei a mão pelo cabelo e peguei-lhe ao colo com todo o meu amor. Bebeu o seu leite e adormeceu nos meus braços, como todas as noites. Com cuidado, deitei-o na sua caminha. Eram tão lindos, os meus três filhos! Tão inocentes no seu sono tranquilo e profundo… Na casa de banho molhei o rosto com água fria e mirei-me ao espelho. Tão magra, olheiras profundas que emolduravam os meus olhos verdes e tristes. “Vou-me deitar, já passa das 2 horas da madrugada”. Nem sempre é fácil decidir.

Non Multa, Sed Multum

Há dias terríveis. Literalmente negativos. Uma porcaria de dias em que tudo nos corre mal! As coisas saem-nos ao contrário do que planeámos, os objectos caem-nos das mãos a toda a hora, e sabe-se lá o que mais. Depois, brota o mau humor, disparado às golfadas, a derreter a paciência de qualquer um que nos dirigiu uma piada inocente, sem má intenção. As horas decorrem sob aquela maldita tensão, atrás da qual se escondem razões que mais não são do que verdades caladas. À hora do almoço, os putos discutem, porque um tem isto e o outro não tem aquilo! “ Eu também quero! “ Como se o dar fosse um gesto sistemático e sempre a duo. Quando saem, é o silêncio. Porém, a tensão continua encurralada a um canto da mente.
À noite, as coisas pioram. Depois das aulas, vêm os TPC. Um diz que não tem, o outro quer ir para a rua. Volta suado. Sujo. Com pulseiras de elástico corrente, no pulso esquerdo. Os amigos também têm, é claro! “ Já para o duche! “ O mais novo, trouxe um teste para assinar. Amanhã, a reunião com a directora de turma. Lentamente, a tensão aprofunda-se…” Não é justo! “ Desabafo, baixinho. Desesperada. Sim, porque o pai pegou na “ mala de cartão “ e abalou para o outro extremo do Mundo e quem cá ficou que se desenvencilhe!
É claro que eu não concordo com este tipo de vida. Digo que é coisa de pobres. Um misto de cobardia e incompetência patriotas. Porque se há-de pensar tanto no futuro, virando costas ao presente? Será que toda essa preocupação não é apenas uma imperiosa necessidade de afirmação pessoal? “ Sejamos sinceros, valha-nos isso! Basta de tretas, actos impensados, sacrifícios inúteis. No fim, um punhado de dólares na mão e és um homem a sério! Não importa se deixaste algo para trás, momentos por viver. Tudo isso se recupera tão depressa, não é? E quando voltares, lá estaremos nós à tua espera no aeroporto para ver a tua cara de homem a sério! É a vida… Pobre teoria! “ Eu escrevo, tentando libertar-me daquela velha angústia e solidão. Inalteráveis. O que se perdeu, está perdido. O que vier depois disso serão momentos novos. Interligados aos velhos, é certo, mas absolutamente novos.
E o sofrimento do mal que isso faz, fica-me cá dentro do peito. Como uma lapa que se incrusta no rochedo… E, em dias não, sobe-me ao pensamento para me lembrar que o bem do amanhã me custará o mal do hoje.
“ Ainda hei-de ser muito feliz! “ Acredito mesmo nisso? Sei lá… Sei que acredito em poucas coisas, mas que todas elas têm algo de importante. “ Non multa, sed multum “…


Manuela Fonseca