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quarta-feira, 20 de junho de 2007

Tu és especial...


Estava sem sono. E quando olhei para aqueles dois gatinhos entrelaçados num sono profundo, comovi-me! E lembrei-me das noites passadas na conversa onde nada era proibido, todos os assuntos vinham à baila.E ríamos. Ríamos muito, tirávamos fotos, ficávamos sérias, falávamos sussurrando e ouvíamos o "Oceano Pacífico". Foi tão gira aquela noite em que bebemos o leite todo, até acabarem os pacotes no frigorífico! Tu sempre gostaste do tempero do meu leite: Nesquik com açucar. E as torradas? Ai, as torradas! Sabiam sempre tão bem às 02h da manhã... Comíamos torradas com a mesma estupidez dos desordeiros que dão pontapés nos contentores do lixo às 03h da manhã e acham que são uns heróis! Tudo o que queríamos era beber a vida, sem culpas nem passados e muito menos pensar em futuros desconhecidos. Eu achava que escrevia umas coisas e continuei a escrever durante anos...
E aquela noite em que fomos ao Castelo de S.Jorge e comemos bolos na pastelaria do Rossio? Andei tanto nessa noite! Acho que nunca andei tanto e tão depressa, até então! E depois no Bora-Bora... Saímos de lá com uma flor na mão que nos deram à saída.
As conversas que nós tínhamos eram sempre tão cheias, disparatadas, sérias, às vezes, sinistras. Nessa noite, deu-nos a fome e fomos roubar couves ao quintal do teu pai. Que delicioso caldo verde! O caldo verde é sempre mais delicioso às 03h da manhã!

Hoje, a noite não tem Lua. Está de luto. Um luto belo e doentio. Por que será? Mas que disparate...
Não tenho queijo no frigorífico... Apetecia-me queijo da Serra com pão espanhol. Ai, que delícia! Sinto-me tão bem a comer pão com queijo... O resto, naquele momento, não me importa. Só o sabor variado do queijo. E sou muito exigente com o pão. Pois sou! Não gosto de pão de plástico! Gosto de pão autêntico, como tudo na vida.
Ah! Já te contei que fui ao Museu do Pão, em Seia? Adorei! Eu gosto de museus assim. Museus do povo. Coisas nossas.
Que frio, tenho os pés gelados. Talvez um chá quente resolvesse esta minha falta de sono. Não sei... Nem nunca vou saber porque não vou à cozinha encher um púcaro com água e meter lá dentro um pacote de chá de cidreira ou camomila... Ou talvez seja fome. Eu disse fome??? Sei lá eu o que é fome! Sei o que é apetecer comer, mas fome... Não! Sabes amigona, queria pegar numa fatia do céu e dividi-la pelos povos que morrem à fome todos os dias e minutos e segundos.

Tu és especial. És a melhor amiga. E tens um feitio que eu nem te digo! Mas és especial... Nunca ficas empanturrada com nada, só de pastéis de nata. Quentes, estaladiços... Seis pastéis de nata consolam-te. O teu marido desilude-te. Pelo menos, é o que estás sempre a dizer cada vez que ele não é perfeito como tu gostarias que ele fosse...
Será que os pastéis de nata são sempre perfeitos?

Manuela Fonseca
22/11/2006

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