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quarta-feira, 20 de junho de 2007

Deixem-me recordar...


Sento-me na Poltrona do Tempo
E cheia de paciência
Ponho-me a olhar
Para o dia de ontem…
Recordo frases frias
Ditas por alguém
Que me era estranho à alma.
Relembro vagamente
O primeiro beijo que me deram
Mas não o verdadeiro.
As cantigas da minha infância
Fazem-me chorar de pena
Das cantigas que não ouvi…
No jardim público da minha terra
Os meus filhos ganham o jogo
Que eu nunca aprendi a jogar.
A rua onde eu morei
Já não é a mesma
Mas o seu nome
Ainda se mantém.
O pátio onde eu cresci
Alegre de flores
E cantares de canários
É hoje um prédio cinzento
Estranho ao chão do pátio.
As bonecas que me entreteram
Perderam-se no tempo
Como os sonhos que sonhei…
E naquela fotografia
Envelhecida pelos anos
Tenho o sorriso
Daqueles que o sorriso desconhecem.

Deixem-me recordar
Sentada na minha Poltrona
Sem Tempo…

Manuela Fonseca

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