
Do lado direito da estrada
Recentemente alcatroada
Existe uma casa
De pedra cinzenta
Com profundas raízes
Abraçadas ao chão
Daquela terra esquecida no Tempo
Geme baixinho
A solidão e o frio
Retidos na lareira
Já sem vida.
Nas paredes de pedras
Bem amontoadas
O entardecer bocejava
Em tempos idos
No alpendre
Atafulhado de palha húmida
Cheira-se o bafio
Nascido ao longo dos anos.
Ao Sul
O poço secou
E na eira adormecida
Fragmentos de antigos cereais
Rastejam ao sabor do vento
Ao campo extenso da seara
O castigo é a secura
E à beira da casa
Um pomar
De frutos estéreis
Tombam aos olhares
Ervas daninhas
Nascem descontroladamente
Envolvendo a casa
Num profundo abandono.
A Casa…
Dez palmos de solidão!
Manuela Fonseca
Sem comentários:
Enviar um comentário