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quarta-feira, 20 de junho de 2007

A Casa


Do lado direito da estrada
Recentemente alcatroada
Existe uma casa
De pedra cinzenta
Com profundas raízes
Abraçadas ao chão
Daquela terra esquecida no Tempo

Geme baixinho
A solidão e o frio
Retidos na lareira
Já sem vida.
Nas paredes de pedras
Bem amontoadas
O entardecer bocejava
Em tempos idos

No alpendre
Atafulhado de palha húmida
Cheira-se o bafio
Nascido ao longo dos anos.
Ao Sul
O poço secou
E na eira adormecida
Fragmentos de antigos cereais
Rastejam ao sabor do vento

Ao campo extenso da seara
O castigo é a secura
E à beira da casa
Um pomar
De frutos estéreis
Tombam aos olhares

Ervas daninhas
Nascem descontroladamente
Envolvendo a casa
Num profundo abandono.

A Casa…

Dez palmos de solidão!

Manuela Fonseca

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