
O perfume do peixe saltitando na areia molhada
O barco anoitecendo em algas arrastadas
E eu sentada no muro do Tempo
Enroscada no habitual xaile de cores desbotadas
Olhava o mar que se esvaziava de águas azuis
Os homens gritavam as horas sugadas
Em dias de longas esperas
Fumando o cigarro mais barato
Esperando à proa que o isco puxasse
Na derrota do perfume do peixe que nele se fiasse
Enroscada ao meu habitual xaile
O tal das cores desbotadas
Levei dois peixes em papel pardo
Que não derretia o seu perfume intenso
E dei-os de presente a mim mesma
Numa mesa de dois lugares
Onde só um era ocupado
De culpas e saudades
Na traição de um mar azul
Aparentemente, sossegado…
Manuela Fonseca
2 comentários:
É a 1ª vez que leio este "ensaio poético".
Gostei.
Bom fim de semana.
olá Manuela
Que perfume este...
parabéns um belíssimo poema
jinhos amiga
Rosamaria
Enviar um comentário