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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

As lágrimas de um pai


Quantas lágrimas te caíram
Nesses teus caminhos de fome
E pobreza, pai?
Quantas perguntas
Não sabias fazer em idades
De destinos que esperavas diferentes, pai?
Quantos mares desbravaram
Os teus segredos e medos, pai?
Quantas dores se rasgaram no teu peito
Imperfeito por nascença, pai?
Quantas perguntas foram caindo
E ficando por fazer em cada dia
De uma infância a crescer, pai?

Quantas esperanças perdidas
Em anos de fantasias
De utopias
De morrer em ansiedade…

Quantas batalhas ganharam
Nessa tua luta dobrada
Labuta de trabalhos intocáveis, pai?
Quantas estrelas contaste à noite
Antes do sono chegar
Em dias de te arrasar, pai?
Quantas refeições comeste a uma mesa
De linho imaculado
Num ímpeto de perdas e sorrisos
Mal esgueirados, pai?

Quantas vezes pensaste
No teu desconhecido pai
Quando olhavas as palavras
Ainda sem saberes ler, pai?

Quantas lágrimas engoliste
Para não te sentires fraco, pai?

Amo-te, pai!

Manuela Fonseca

3 comentários:

vieira calado disse...

Belo poema, pleno de sensibilidade e evocações.
Bom fim de semana

Anónimo disse...

Lindo, lindo, muito lindo.
Tudo o que me lembra meu pai me faz nascer uma lágrima.

Desejo-te muito sucesso com o teu livro, e decerto vais ter e merecido.

Um bom domingo
Grd beijinho*

Joana disse...

Sim este poema é lindo... cheio de beleza triste, como a vida. Gostei muito. Beijinhos xxx