
Quantas lágrimas te caíram
Nesses teus caminhos de fome
E pobreza, pai?
Quantas perguntas
Não sabias fazer em idades
De destinos que esperavas diferentes, pai?
Quantos mares desbravaram
Os teus segredos e medos, pai?
Quantas dores se rasgaram no teu peito
Imperfeito por nascença, pai?
Quantas perguntas foram caindo
E ficando por fazer em cada dia
De uma infância a crescer, pai?
Quantas esperanças perdidas
Em anos de fantasias
De utopias
De morrer em ansiedade…
Quantas batalhas ganharam
Nessa tua luta dobrada
Labuta de trabalhos intocáveis, pai?
Quantas estrelas contaste à noite
Antes do sono chegar
Em dias de te arrasar, pai?
Quantas refeições comeste a uma mesa
De linho imaculado
Num ímpeto de perdas e sorrisos
Mal esgueirados, pai?
Quantas vezes pensaste
No teu desconhecido pai
Quando olhavas as palavras
Ainda sem saberes ler, pai?
Quantas lágrimas engoliste
Para não te sentires fraco, pai?
Amo-te, pai!
Manuela Fonseca
3 comentários:
Belo poema, pleno de sensibilidade e evocações.
Bom fim de semana
Lindo, lindo, muito lindo.
Tudo o que me lembra meu pai me faz nascer uma lágrima.
Desejo-te muito sucesso com o teu livro, e decerto vais ter e merecido.
Um bom domingo
Grd beijinho*
Sim este poema é lindo... cheio de beleza triste, como a vida. Gostei muito. Beijinhos xxx
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