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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mulher Alentejana


Mulher Alentejana é madrigal

É aragem fresca, água que corre

É sentimento que nunca morre

Mulher Alentejana é farol

A sua luz faz inveja ao sol


É força agreste, terra barrenta

Fruta silvestre, amora preta

Veste-se de negro simples discreta

Esconde o choro num riso franco

Olha o campo é filho seu

Morreu na guerra, luto lhe deu

Raiva bravia, fundo barranco

Que lhe engoliu os sentires

Rugas na pele gasta p'lo sol

Já foi menina de frescas carnes

Foi rainha de alguns amores

Hoje velhinha pensa na prol


Olha pró sol, aqui estou eu

Vivi a vida que Deus me deu

Posso morrer vou descansada

Perdi os passos naquela estrada

Ganhei o chão onde vou morar

Com o meu filho vou descansar


Olha pró sol, último adeus

À terra virgem, barro gasto

Já não há trigo, já não há pasto

Ai Alentejo dos olhos meus


De Antónia Ruivo


1 comentário:

Nilson Barcelli disse...

Uma bela homenagem à mulher alentejana.
Querida amiga, bom fim de semana.
Beijos.