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terça-feira, 15 de maio de 2012

Angústia de Mortais



Dueto: Natália Canais Nuno/Manuela Fonseca



Debandam pássaros em alvoroço

Rezo meu rosário de contas

Ato a vida p'las pontas

Sopra o vento, não o ouço!



Canteiros de flores e besouros

A fragância da terra molhada

Há risos e sufocados choros

A hera sobrevive à geada

Meu rosto já sem idade

Esconde-se nos dias sempre iguais

Ah...coração, que tenacidade!

Teu bater nunca é demais.



Acorrem a avisar-me...

Que sou sombra duma lenda!

Hão-de os pássaros lembrar-me

Já que Poeta...não há quem entenda.


Depois de eu morrer

Então sim, é a valer

Até as beatas perdidas

Que – juro – nunca fumei

Serão pedaços de alquimias

Herança que vos deixei



Depois de eu morrer

E do poema se fartar

De contar e escolher

Lendas de encantar

Rezarás contas de ler

Forçadas para rimar



Depois de eu morrer

Hão-de ouvir dizer

A palavra foi de génio

As aves voaram amor

E a morte lhe dará prémio

Outro brilho, nova cor.



14/05/2012

1 comentário:

Armando Sena disse...

Elogio póstumo!
Não aqui.
Belo poema Manuela.
Beijos