sexta-feira, 6 de abril de 2012
Pedaços de vida...
Com a mão trémula, desviei a cortina da janela de madeira escura e vi aquelas crianças na rua a jogarem à bola com a mesma alegria com que tu me beijavas o rosto, ao chegares a casa. O meu sorriso, igualmente trémulo, estava hoje emoldurado pelas rugas vincadas do tempo. A minha respiração embaciava o vidro quadrado da janela, única passagem que me restava para o mundo exterior. Com um gritinho de felicidade deixei a cortina deslizar, ajeitando-a até onde podia. Rodei a cadeira de rodas na direção do nosso casamento, pendurado há sessenta anos, na parede da sala de jantar. Como eras belo! O teu olhar apaixonado ofuscava a pureza do meu vestido de noiva.
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6 comentários:
Lindo Manelita, até me arrepiei porqur não são sessenta mas já quase cincoenta, e tanta vez estes mesmos pensamentos me vêm à mente...como eras belo! E aí francamente me sobe repentinamente a tristeza.
Gostei de ler-te Beijinho amiga.
Não deixes que a tristeza te siga, amiga. O caminho da vida é feito da coragem que se encarrega de espalhar sorrisos flutuantes à nossa volta.
Os meus pais já vão nos 63 anos de casamento: Bodas de Diamante :)
Beijinhos amiga, grandes!
Manuela, quase sempre a ternura mora na tua escrita. E aqui é tão evidente!
Beijinho
Rita querida,
Pedacinhos de prosa ou em romance, preciso da ternura dentro das minhas humildes palavras, é verdade.
Já em poesia, sou diferente, muitas vezes...
Obrigada, minha amiga por me vires ler.
Um beijinhos grande.
uma ternura que não tem nome. um excerto de amor, com que a vida nos enriquece. adoro ler-te, amiga.
Este teu texto é como a cena de um filme, tão bem a descreveste que a pude ver...
É mgnífico, gostei imenso das tuas palavras.
Manuela, querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijos.
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