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sexta-feira, 25 de março de 2011

Um dia, fui ninguém...


O mundo só existe para quem pode comer pão barrado com alegria que se solta dos sorrisos cúmplices das gentes simples.
Aperto os ombros com saudades de mim em tempo de passados eternizados por um divã, onde o sono me apanhava antes de o sonho me atingir a alma.
Recordo-me, vagamente, de ser tão sozinha quando brincava com as conchas da sopa que a minha mãe fazia.

Sinto saudades do que nunca tive.
Lembro-me da casa da minha sogra, em Travancinha. Tinha um postigo por cima do lava loiça e eu levantava a cortina de chita já velhinha, sorrindo ao verde da erva ali pousada. Às 6h da tarde espreitava as ovelhas por esse mesmo postigo, com a felicidade de saber que elas existiam, fingindo que estavam ali só para mim. Era uma casa tão pequenina mas onde me sentia tão bem.
Nunca mais a verei…

Lembro-me do prato antigo onde a minha mãe deitava a farinha Amparo e de como eu o rapava, feliz! Eu era feliz, mesmo sentindo aquela solidão que me frisava o olhar quando levantava a cabeça e via em cima do móvel as bonecas proibidas de mexer.

Um dia, fui ninguém…
Ninguém, continuo a ser…

Manuela Fonseca

2 comentários:

felicidade disse...

Pequeninas palavras te vou deixar.


Se tive amores?já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga.
E a vida morre enquanto o ser revive.


Colhes rosas?Que colhes,se hão-de ser
motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas
Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o fazer..


Olhando o mar,sonho sem ter de Quê.
Nada no mar,salvo o ser mar,se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?



Umas simples palavras....
Sabes quem disse :Quero outro!
Pois eu digo:quero mais! Beijo doce.Te Amo

M.Arminda

Nilson Barcelli disse...

Há lembranças cuja saudade é inevitável.
É nostálgico, mas gostei do teu texto.
Querida amiga, bom fim de semana.
Beijos.